quinta do mosteiro de pedroso






Quinta do Mosteiro de Pedroso
As ordens Beneditinas concorreram muito para o desenvolvimento da agricultura em Portugal, atraindo cultivadores que fundavam povoações em volta dos Mosteiros.
Assim foi no Mosteiro de Pedroso, que à sua volta possuía grandes propriedades.
Como já está dito os Jesuítas saíram de Pedroso em 1761. A 13 de Abril de 1768 a Casa de Pedroso (assim começou a chamar-se o Mosteiro de Pedroso com suas propriedades e rendas) passou para a posse da Real Mesa da Comissão Geral.
Em 1794 passou a mesma casa de Pedroso para a posse da Coroa até 1803 ano em que foi vendida em haste pública a uma particular, D. Ana Angélica Margarida Cardia, falecida a 9 de Janeiro de 1815 no Mosteiro e sepultada na igreja de São Nicolau, Porto. Esta Senhora era sogra do Desembargador João de Carvalho Martins da Silva Ferrão Castelo Branco que, em 1ªs núpcias casou com uma filha da dita Ana Cardia.
Digo em 1ªs núpcias, porque, em 2ªs núpcias, casou com D. Maria Rita Saldanha da Gama, filha dos Condes da Ponte. Este Ferrão Castelo Branco deu o nome à Quinta de Pedroso, a qual por muito tempo foi conhecida por Quinta do Ferrão, (hoje Quinta do Mosteiro de Pedroso) e (Quinta da Avenida).
D. Ana Cardia comprou parte dos terrenos de que se compõe a casa de Pedroso a quinta em arrematação pública e pagou por ela ao Estado 26 contos de reis a 25 de Agosto de 1803. Foi esta Senhora que mandou construir em 1807 aquela Fonte "Dedicada à Saudade," fonte ainda hoje existente e encostada à parede que separa o átrio da quinta do Adro da Igreja.
Por morte de Ana Cardia, em 1815, a quinta passou para a posse do seu Genro, o Desembargador João Ferrão Castelo Branco, já mencionado, e falecido em 1859. Por sua morte passou, no valor de 16 contos para sua filha mais velha D. Maria José Ferrão Castelo Branco que a 5 de Setembro de 1859 casou com D. Luiz de Sousa, mais tarde Conde de Rio Pardo e falecido a 18 de Março de 1880.
Rio Pardo é o nome de outra Vila de S. Pedro findada na então capitania de Rio Grande do Sul (Brasil) por D. Diogo de Sousa, 1º Conde de Rio Pardo, antepassado (creio que tio avô) do 2º Conde de Rio Pardo, D. Luiz de Sousa.
Em 02-11-1858 o procurador da Dona da Quinta do Mosteiro outorgou ao Abade Coutinho o terreno para o Cemitério que hoje chamamos velho, mas que então era o 1º. Ofereceu a Dona 2 terrenos à escolha: um na Areosa avaliado em 78.000 reis e outro no Pomar avaliado em 78.000 reis. O Pomar ficava atrás da demolida casa do cura, do lado da sacristia actual e encostado ao quintal da antiga residência paroquial.
Da escritura constou as seguintes condições da oferta do terreno:
"Em concessão e cedência para o terreno será só e unicamente para nele ser constituído o Cemitério Público da Freguesia de Pedroso, devendo julgar-se de nenhum efeito tal concessão e o terreno devolvido à senhoria quando, por qualquer inconstância, deixe de ser aplicado para aquele fim pio e religioso".
Como compensação exigia-se uma sepultura de Família, no cemitério a construir. Mais se estipulava que, apenas o cemitério estivesse concluído, deviam cessar os enterramentos no Adro da Igreja "por este ficar fronteiro e muito próximo das casas nobres de habitação".
A data da escritura entre a Junta de Pedroso (representada pelo Abade
Coutinho) e a Condessa de Rio Pardo, D. Maria José Ferrão de Castelo
Branco data de 2 de Novembro de 1858. O cemitério principiou a funcionar em 1869. Para o cemitério foi escolhido o terreno da Areosa.
A viúva do Conde de Rio Pardo por procuração passada a seu filho D. Francisco de Sousa vendeu a Quinta a 7 de Março de 1883 ao Comendador José dos Santos Oliveira, natural desta freguesia de Pedroso e falecido em 1909, sendo sepultado no cemitério da Lapa, Porto. Ouvia-se dizer que esta venda fora por 30 contos, mas não é este o preço da escritura, talvez para fugir à cisa.
O comendador Santos Oliveira era avô materno de José de Oliveira Rodrigues, o dono da parte norte da quinta e residente no Mosteiro. (já falecido em 20-07-1978).
Em 1887 a casa do Celeiro na Quinta do Mosteiro foi cedida à Junta da Paróquia (para nela esta efectuar as suas sessões) e nela se começou a ensinar às crianças as 1ªs letras pelos professores: 1º José Gomes de Sousa 2º a 29 de Novembro de 1899 tomou posse o Professor oficial Manuel Pinto Vieira da Silva.
"Nota" - Depois da morte de José dos Santos Oliveira, a quinta foi dividida, ficando a parte norte e que hoje se chama Quinta da Avenida para os pais do Snr. José de Oliveira Rodrigues actualmente seu dono e a parte sul para a Viúva do Snr. Santos Oliveira e para uma filha; (é a que hoje se chama a Quinta do Mosteiro de Pedroso).
A Senhora Dona Filomena da Conceição Pereira de Oliveira, viúva de José Santos Oliveira vendeu mais tarde a quinta ao tio do actual dono.
A 28 de Abril do ano de 1937 terminou um processo no qual Manuel Alves Soares casado com D. Maria Celestino Alves Soares, sem descendência, proprietários da parte Poente da Quinta do Mosteiro, doam a Bem da Nação terreno seu, para ampliar o adro do Mosteiro de Pedroso.
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Manuel Alves Soares morava na Av. da Boavista, n.º 2609, no Palacete das Andorinhas, que ainda hoje se conserva.
Herdou um sobrinho: José Manuel Soares Dias da Costa e esposa D. Victória Coimbra Pinto.
"... O Palacete da Avenida da Boavista, carinhosamente conhecido como a Casa das Andorinhas, é uma jóia histórica que remonta ao início do século XX. A sua construção remonta a 1902, sendo originalmente encomendada por José Zagalo Ilharco (1860-1910), um fotógrafo amador de renome, natural de Lamego. Reconhecido e premiado em âmbito nacional e internacional, Zagalo Ilharco dedicou-se especialmente à fotografia de paisagens, mas também registou retratos de familiares, amigos e os ambientes que marcaram sua vida.
Como amante da natureza, José Zagalo Ilharco mandou plantar as árvores que ainda hoje caracterizam o jardim do palacete, integrando a arquitetura da casa à sua paixão pela beleza natural. No entanto, sua vida foi interrompida precocemente aos 50 anos, no Porto, em 1910, levando os herdeiros a venderem a propriedade.
Em 1914, o imóvel ganhou um novo proprietário, Manuel Alves Soares, um influente capitalista com ligações a diversos empreendimentos de destaque, como o jornal “O Primeiro de Janeiro” e a Empresa Fabril do Norte. O novo proprietário iniciou obras de ampliação e embelezamento, transformando a casa na forma como a conhecemos atualmente. O palacete, com sua imponente torre de telhado verde e elementos decorativos elaborados, passou a refletir o estilo refinado e a visão do novo dono.
Manuel mudou-se para o local com sua esposa. Apesar de não terem filhos, o casal adoptou um sobrinho, que viveu na propriedade e constituiu sua própria família ali. Ao longo do tempo, a casa foi testemunha de gerações, sendo habitada pelos descendentes deste sobrinho, que teve seis filhos.
Hoje, a Casa das Andorinhas é um símbolo de tradição e beleza arquitectónica, mantendo viva a memória de seus antigos moradores e o espírito do cuidado e amor que marcaram sua história..."
In: Atrio Center Porto.
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Manuel Alves Soares era sócio em várias empresas, que iam desde o têxtil aos seguros e à panificação. Empresário de grande rasgo, falecerá a 12 de Dezembro de 1941, com 61 anos de idade. A esposa D. Maria Celestino Alves Soares tinha falecido pouco antes, a 17 de Junho de 1941.
Actualmente a chamada Quinta do Mosteiro de Pedroso pertence a José Manuel Soares Dias da Costa "Engenheiro" e morador na Avenida da Boavista, Porto. (já falecido em 19-05-1989). Depois da sua morte tomou posse da Quinta seu filho José Manuel Pinto Soares da Costa.

